Textos

Sim assim
O sapato,  a meia, a porta
A fechadura estava torta

No cabide, a calça e a luva
Caem tortos os pingos da chuva  

E na rua, uma esquina que tropeça
Onde vai, pra cidade, essa peça?

Mas a brisa já me olha coelhinha
Rabiscando, rabiola, de mansinha

E meu olho olha sempre pra novela
Na tv, que me sufoca Gabriela

Então saio, todo dia,  sem um rumo
Seu vestido rodeando,  me consumo

E não vejo onde pára a minha sina
Namorar, de manhãzinha, essa menina

Pra brincar, onde nasce o sol poente
E o destino já de molho com a gente

Da laranja, a metade é toda minha
E metade, sempre  dorme coladinha

Meu inteiro tem um  mundo que é cigano
Embebido no seu corpo, os meus panos

E meus óculos só enxergam seu amor
Sou travesso, sou seu sonho, doador

E o endereço é o mesmo da canção :
"Atrás da porta,  tem um fusca e um violão"  

E a porta , aqui dentro , está aberta
E na porta está escrito  : eu sou poeta!

Vera Mascarenhas
Enviado por Vera Mascarenhas em 10/08/2023
Alterado em 20/08/2023
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